segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Relendo textos e caminhos sobre nuestra América...

Relendo o artigo "Enigmas do Pensamento Latino-Americano", do pensador Octávio Ianni, brasileiro de Itu-SP, percebemos a constante necessidade de análise de conjuntura, seja em nossa país, seja em nossa América Latina, uma vez que as palavras de Ianni, em qualquer tempo ou espaço, enquadram-se nas muitas andanças cometidas por proclamados heróis e protetores...de nuestro pueblo!
Entre os muitos trechos marcados com a caneta amarela, destacamos o seguinte:
"Na América Latina e Caribe, perpassa periodicamente um pervasivo, estranho e penoso sentido de inquietação, incerteza, ilusão. De vez em quando, no cotidiano de indivíduos e coletividades, irrompe a aflição, algo imponderável, inquietante. Quando tudo parece caminhar normal, ainda que precariamente, de repente abala-se, desaba, deslocando lugares, raízes, ilusões. São muitos, mais ou menos periódicos, como se fossem cíclicos, os momentos em que coisas, gentes e idéias parecem deslocar-se, desenraizar-se, como que atingidas por algum terremoto ou furacão. As próprias produções intelectuais, científicas e artísticas, expressam algo ou muito desse estado de espírito, de inquietação, incerteza, alucinação. Algo estranho e inquietante, impregnando relações e modos de ser, a realidadee o imaginário de uns e outros, em diferentes nações, no continente, ilhas e arquipélagos."
Como já nos cantou tantas outras vezes o pernambucano Sílvio Júlio de Albuquerque Lima, e por isso seduziu nuestra colega portenha Professora Dra. Mirka Seltz ((IDICSO/USAL), parece que as coisas não mudaram muito nos últimos 100 anos de solidão dessa América...
Ainda no artigo de Ianni, exatamente num momento em que renasce, na Argentina, a discussão sobre os filhos sequestrados de seus pais no decorrer da ditadura; quando, no Brasil, se discute a questão da Anistia aos militares que participaram de torturas contra os brasileiros que lutaram contra o sistema da época, cruzamos com o poema Desaparecidos, do querido e saudoso Mario Benedetti:
Desaparecidos
Mario Benedetti - 1984

Están en algún sitio / concertados
desconcertados / sordos
buscándose / buscándonos
Cuando empezaron a desaparecer
como el oasis en los espejismos
a desaparecer sin últimas palabras
tenían en sus manos los trocitos
de cosas que querían
Están en algún sitio / nube o tumba
están en algún sitio / estoy seguro
allá en el sur del alma.

É...precisamos revisitar as estantes, as bibliotecas...dialogar com os mais velhos...
Precisamos reunir nossos jovens como nossos índios ainda o fazem para contar nossas histórias... e tentar salvar o futuro...
Fechamos este post com a mensagem do grupo argentino Gotan Projetc, com os seguintes versos:

Confianzas – com Cecília Roth

se sienta a la mesa y escribe
«con este poema no tomarás el poder» dice
«con estos versos no harás la Revolución» dice
«ni con miles de versos harás la Revolución» dice
____
y más: esos versos no han de servirle para
que peones maestros hacheros vivan mejor
coman mejor o él mismo coma viva mejor
ni para enamorar a una le servirán
____
no ganará plata con ellos
no entrará al cine gratis con ellos
no le darán ropa por ellos
no conseguirá tabaco o vino por ellos
____
ni papagayos ni bufandas ni barcos
ni toros ni paraguas conseguirá por ellos
si por ellos fuera a la lluvia lo mojará
no alcanzará perdón o gracia por ellos
____
«con este poema no tomarás el poder» dice
«con estos versos no harás la Revolución» dice
«ni con miles de versos harás la Revolución» dice
se sienta a la mesa y escribe

Nenhum comentário:

Postar um comentário